Em minha casa
Bem pertinho da parede
Eu deitei na minha rede
Sob a sombra no quintal
De um arvoredo
Que demonstra muito triste
Porque nele o que existe
Eu aprendi muito mais
Naquela tarde
De verão e Sol ardente
Veio o sono e de repente
Sem querer adormeci
Sonhei que o galho
Do arvoredo conversava
E um deles reclamava
Apontando para mim
Dizendo, eu sofro
Ameaças todo dia
E não tenho companhia
Para minha proteção
Sou uma árvore
Mas que amo e tenho vida
E sempre sou destruída
Pelo homem, meu irmão
Eu sou alguém
Que enfeita a natureza
Sou o banco em sua mesa
Onde fica seu jantar
Sou sua amiga
Sou abrigo do roceiro
Faço sombras no terreiro
Para seu filho brincar
Eu sou seu leito
Sou seu berço, sou moldura
O suporte da pintura
E o pincel na sua mão
Eu sou a capa
E o miolo da revista
Além disso sou artista
Sou a grande inspiração
Provoco chuvas
Pra molhar a sua roça
E vocês não há quem possa
Fazer algo pra chover
Sou escolhida
Pela ave que gorjeia
Sou a viola que ponteia
Nos seus dias de lazer
Eu sou o filtro
Que respira e purifica
E o ar que prejudica
Poluído não é meu
Porque eu sou
Sua grande companheira
Sou a porta de madeira
Que protege o quarto seu
Você me corta
Me retalha e joga fora
Vem o fogo e me devora
Ninguém ouve a minha voz
É muito triste
Ver meu fim chegar tão perto
Transformando em deserto
O que Deus fez para nós
Ao despertar
Do meu sono tão profundo
Eu senti pena do mundo
Pelo verde que perdeu
Por tudo isso
Eu lamento e tenho medo
Porque sei que um arvoredo
É mais gente do que eu